Programa Malala Peregum

2024

A educação básica no Brasil enfrenta o desafio de proporcionar igualdade de oportunidades para todos os estudantes, independentemente de sua raça ou gênero. No entanto, pesquisas mostram que há disparidades significativas, especialmente para meninas negras e imigrantes. 

Essas desigualdades afetam o desempenho acadêmico, a permanência na escola e o desenvolvimento integral desses alunos. Para enfrentar essa realidade, é necessário fortalecer as práticas pedagógicas com um enfoque interseccional, considerando gênero e raça como dimensões centrais para a equidade na educação.

É com esse propósito que o Instituto de Referência Negra Peregum, em parceria com o Fundo Malala, desenvolveu o Programa Malala Peregum - Gênero e Raça na Educação Básica.

O curso Gênero e Raça na Educação Básica: Uma Introdução é uma das ações formativas do Programa Malala Peregum, uma construção do Instituto de Referência Negra Peregum apoiada pelo Malala Fund, dsenvolvido em parceria com a Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

O objetivo é oferecer atualização profissional aos profissionais da educação básica pública nas temáticas de relações étnico-raciais e de gênero no ambiente escolar, contribuindo para a efetividade da Lei nº 10.639/03, que inclui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar.

A formação vai além do conteúdo curricular, propondo ferramentas para compreensão de indicadores raciais e de gênero no sistema educacional, gestão voltada para a equidade racial e processos avaliativos sob a perspectiva da justiça social.

Modalidade: online (EAD).

Duração: 60 horas, das quais seis encontros são síncronos, às segundas-feiras, das 19h30 às 22h00.

Vagas: Serão oferecidas 200 vagas por edição, com um total de três edições ao longo de três anos (2024, 2025 e 2026).  

Público: profissionais da educação básica (professores/as, coordenadores/as, diretores/as, orientadores/as, supervisores/as) das redes públicas em todo o Brasil.

Critérios de seleção: profissionais da educação pública; ordem crescente da inscrição; mínimo de 60% das vagas destinadas a pessoas negras.

Certificação: Participantes que concluírem o curso com sucesso receberão certificação emitida pela USP.

Período de inscrições:

De 17 a 22 de abril de 2025

A lista dos selecionados será divulgada no dia 25 de abril

O processo é simples e totalmente online.

Documentos necessários:

• Comprovante de vínculo com a educação pública (holerite ou contracheque em PDF);
• Documento oficial de identificação (RG ou CNH em PDF);
• Autodeclaração racial, caso o candidato deseje concorrer às vagas reservadas para pessoas negras.

Gratuidade: o curso é gratuito. É necessário ter acesso à internet para participar das aulas.

O curso oferece uma oportunidade única para educadores/as se capacitarem sobre temas essenciais como racismo, sexismo e políticas afirmativas, fortalecendo sua atuação pedagógica e contribuindo para a criação de um ambiente escolar mais inclusivo.



O Programa Malala Peregum é uma iniciativa inovadora com o objetivo de promover ações que fortaleçam o direito à educação de meninas negras e imigrantes, ampliando suas trajetórias educacionais e enfrentando as desigualdades históricas de gênero e raça nas escolas públicas brasileiras.

Este programa está estruturado em três eixos articulados: produção de evidências e difusão da informação, formação continuada para profissionais da educação, e desenvolvimento de ações afirmativas na educação básica. O foco é influenciar políticas públicas e práticas pedagógicas para a promoção de uma educação mais equitativa, fortalecendo a permanência de meninas negras e imigrantes no sistema de ensino.

Apoiado pelo Fundo Malala, liderado pelo Instituto Peregum, o programa articula diversos perfis institucionais, tais como organizações do movimento negro, unidades educacionais e pesquisadores a fim de realizar pesquisas, desenvolver estratégias formativas e projetar modelos possíveis de ações afirmativas na educação básica.

Além do curso de formação, o programa inclui a produção de uma pesquisa intitulada "Trajetórias: Gênero, Raça e Violência na Educação Básica" e a implementação do projeto Firminas e Mahins, que acompanhará 15 meninas negras e imigrantes ao longo de dois anos em uma escola pública parceira.

Criado por militantes da luta por educação, o Instituto de Referência Negra Peregum compõe o movimento negro brasileiro. É uma organização sem fins lucrativos, com natureza de direito privado e tem a missão de fortalecer a população negra e periférica, trazendo para a centralidade do debate e das práticas sociais demandas específicas e urgentes de maneira a transformar as políticas públicas e as pessoas no sentido de uma sociedade antirracista.

A organização atua em parceria com iniciativas, projetos, organizações e coletivos que auxiliam pessoas negras, moradoras e moradores de territórios periféricos, com foco em quatro eixos programáticos: Educação Popular, Proteção e Cuidado, Incidência Política e Clima e Cidade. Através desses eixos, Peregum desenvolve iniciativas que visam transformar a realidade da população negra e enfrentar o racismo.

A UNEafro agrega militantes da causa negra, da luta antiracista, da causa das mulheres, da diversidade sexual e do combate a todos os tipos de discriminação e preconceito; da causa da Educação Popular e Libertária, da disseminação do protagonismo comunitário e da luta contra a exploração econômica e a dominação política. Nossa vivência nos leva a defesa da tese de responsabilização e da cobrança do Estado pelas mazelas do povo brasileiro, em especial negras/os e pela implementação de Ações Afirmativas dirigidas aos grupos historicamente injustiçados. Reivindicamos nossa vocação para o trabalho educacional de base e de formação política direcionado às comunidades periféricas urbanas; nossa atuação política no interior das Faculdades e Universidades e ações de mobilização estudantil.

O Projeto SETA busca realizar ações transformadoras com base em evidências resultantes de estudos que ajudam a compreender a complexidade das relações raciais no país e as problemáticas delas decorrentes que precisam ser enfrentadas. Neste sentido, prevê uma série de estudos com recortes nacional e regionais em seus territórios de intervenção, especialmente no Amazonas, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo. O objetivo é mapear a percepção da sociedade em geral, de profissionais da educação e estudantes sobre o racismo, as desigualdades raciais em geral e na educação, a efetividade das políticas de combate ao racismo, as lacunas de ferramentas e metodologias para fomento à equidade racial e as estratégicas bem-sucedidas e boas práticas nacionais e internacionais que podem inspirar ações de valorização da diversidade e das diferenças e de mitigação das desigualdades, especialmente na área de educação.

O Fundo Malala é uma organização internacional fundada pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai e seu pai, Ziauddin Yousafzai, em 2013. A organização foi criada para promover o direito à educação para meninas em todo o mundo, com o objetivo de garantir que todas as meninas tenham acesso a 12 anos de educação gratuita, segura e de qualidade.

O fundo atua em parceria com governos, organizações e comunidades locais para desenvolver políticas e programas que apoiem a educação de meninas, especialmente em regiões com altos índices de discriminação de gênero, conflitos, pobreza ou crises humanitárias. O Fundo também promove a pesquisa e a defesa de políticas educacionais globais que priorizem o direito das meninas de frequentar a escola.